É permitido comentar, se divertir, falar bobagens, pensar bobagens, sempre com respeito! Obrigada a todos que leram, comentaram ou visitaram Marte, voltem sempre!
A gente já está em 2021 e neste tempo todo eu não vim aqui. Não é que eu tenha abandonado o blog, ele ficou aqui esperando pelo futuro e eu estava lutando pelo presente. Eu fiquei um bom tempo no Blog O Que Tem Na Nossa Estante, foi maravilho, li muito, escrevi e firmei uma amizade incondicional com a Michele. Mas já tem quase 2 anos que eu parei de ler, acho que esqueci como juntar as letras dentro da minha cabeça.
Eu perdi meus rins, tive que colocar um catéter na barriga e hoje faço diálise peritoneal, sabe o que é? Se não sabe, nem queira saber. Não é difícil, mas não é fácil, é adaptável. E assim eu vou, não sei pra onde nem como, mas eu volto.
Lembrei do blog e vim ver. Está tudo aqui, todo o passado, só não sei se o presente estará.
Vocês acreditam que existem pessoas que não gostam de mim? Como pode
um absurdo deste? Eu sou tão gostável! Tirando todos os meus defeitos
insuportáveis eu chego a ser uma pessoa até agradável, vai depender também do
lado de lá e confesso que o lado de lá não está nada feliz comigo. É que eu
andei gritando pelo que é meu, querendo o que me é de direito por lei, e aí as
coisas saíram dos eixos, mas não foi preciso muito para desandar a mistura não,
foi só uma pitada a mais de sal e veio a esperada explosão. Não falta nada no
Big Brother Familiar, tem até quem quer ser o Bial com seus discursos que
ninguém entende realmente. Tipo assim, a coisa está pegando fogo, é dá aqui,
toma ali e a pessoa escreve um texto relatando mágoas de 40 anos atrás! E eu é que
não sou normal? 40 anos de dor e acusações de coisas que se eu fiz, não lembro,
mas se fiz deve ter sido merecido! Me perdoo porque tenho todo direito de ter
sido uma adolescente idiota, quem nunca? Mas saber que uma pessoa guarda uma
bagagem tão grande de mágoas há tantos anos dá dó e o discurso não fez sentido,
tipo Bial mesmo! Não falo para não ofender, mas quem sabe um bom terapeuta não
ajuda a diminuir este peso?
Eu posso estar errada? Talvez, nenhum envolvido em uma briga é dono
da razão! Mas não estou preocupada com isso, eu cometi sincericídio porque
quis, agora estou tentando entender o que as pessoas dizem. É como decifrar
código de postura parental.
Já li quadradinhos de indireta no Facebook dizendo que adoeci
porque sou amarga, mal humorada, mal amada, mal total! Tipo Coringa do Batman!
Kriptonita vermelha no Superman!
Como posso interpretar a frase abaixo?
“A língua é o chicote do corpo. Deus não é vingativo, mas é justo.”
Eu não consigo! Não dá para entender. Quer dizer, eu estou doente
porque falei demais? Falo demais? É isso? Ainda não consegui entender o que tem
a minha língua a ver com os meus rins.
Deus é justo. É, eu acho que é sim. Eu me perguntei várias vezes, e
já escrevi sobre isso, por que eu? Ok
meu Deus, estou doente, entendi e estou lutando para melhorar, mas Deus é justo
só comigo? O Castigo é só meu? Como eu posso enxergar o meu castigo e não
enxergar os dos outros tão explícitos à minha frente?
Será que neste grupo tão inocente só eu fiquei doente? Só eu sofri?
Só eu senti a dor da perda de modo devastador? Só eu precisei reunir coragem
para trilhar o caminho cheio de pedras que é criar alguém dependente de mim para
sempre? Deus é justo só quando me castiga? E por que eu tenho que considerar as
coisas que acontecem comigo como castigo?
Eu vejo mais como uma oportunidade de aprendizado, de reflexão, uma
maneira de enxergar o mundo, a vida, as pessoas, de forma diferente. Uma
oportunidade de tirar forças de onde não se tem nada e superar, porque viver,
estar vivo, já é uma superação!Sei lá,
não consigo enxergar a minha doença como castigo. Eu trabalhei 33 anos, formei
uma família, aposentei e fiquei doente. Parece que Deus programou tudo
direitinho de forma que eu pudesse anotar cada passo meu na agenda, e é isso
que estou fazendo, agendando dia a dia. Como dizia meu pai, o que é para mim,
não é para Joaquim e sendo assim, lá vou eu carregando o meu, mas com certeza
cada um carrega o seu. Deus não escolheu ser justo só comigo. As pessoas não
podem me olhar como sendo um instrumento de revelação do poder de justiça
divina sem olhar os próprios sofrimentos, as próprias dores. Para mim é castigo
para os outros é uma benção de Deus?
Deus não é unilateral, se fosse não seria Deus, seria gente.
Castigo para mim não é nada disso, castigo para mim é:
Ver sua série preferida ser cancelada sem um final legal;
Comer e engordar;
Ter que acordar e sair para trabalhar no frio e na chuva;
Não ter dinheiro disponível para comprar um computador novo a cada
ano;
Adorar cachorro e ter que limpar bosta todo dia;
Assistir a 7 gols da Alemanha e ter que sair de casa no outro dia;
É esquecer a roupa no varal e cair uma tempestade;
É lavar a louça e horas depois ela ficar suja de novo;
É fazer escova progressiva e chover no mesmo dia;
É ter parentes que têm coragem de escrever frases sobre justiça
divina!
Eu sempre tenho uma dúvida, eu sempre tenho uma pergunta que nem sempre tem uma resposta. Acho inevitável viver e não ter uma pergunta para fazer, mesmo sabendo que talvez a resposta não venha hoje, ou amanhã, talvez não venha nunca.
Quando acontece alguma coisa,quando a gente adoece, o medo cresce junto com um monte de perguntas:
Por que eu?
Por que comigo?
Por que isso?
E agora?
Eu vou morrer?
Eu vou conseguir?
O que vai ser de mim?
O que vai ser da minha família se eu não conseguir?
Eu procurei respostas em vários lugares, agora eu vou contar o que eu ouvi.
Eu cheguei a ouvir que pessoas amargas,tristes, recalcadas é que ficam doentes. Não é o meu caso e só para constar, eu não sou a única pessoa doente no mundo.
Basicamente as pessoas me disseram que o sofrimento vem para amadurecer, aprender, mudar, ser uma pessoa melhor,se encontrar, encontrar os outros e porque eu sou forte o suficiente para suportar!
Como faz isso gente?Como sofre e melhora e encontra um jeito de aprender o que sabe-se lá Deus quer da gente?
Na minha busca por respostas eu consegui algumas. Não posso dizer que são verdades absolutas, mas posso dizer que fiquei satisfeita com o que ouvi.
Me acalmou a alma, me fez refletir, me deu esperanças.
Eu não sei como descrever o cenário porque não fui eu quem vi, quem estava comigo pode descrever melhor, mas eu senti. Minha alma ficou quente e tudo parecia iluminado quando o mentor pediu para segurar minhas mãos e me disse:
“Você vai sofrer, você vai sofrer muito, vai ser muito difícil. Você vai enfrentar momentos de muita dificuldade,de dor, de desesperança, mas só depende de você. Lute com todas as forças porque se você passar por todo este sofrimento, por toda esta dor, você vai conseguir.”
Em outra ocasião eu perguntei para uma entidade:
Se eu tenho que mudar, se eu tenho que aprender, como vou saber o que é, onde mudar, como mudar? Aos prantos, eu pedi que ela me dissesse o que eu tinha que fazer para parar de sofrer e ela respondeu:
“Você não tem que mudar, talvez você já tenha mudado e aprendido o que era preciso, e agora só precisa passar por tudo isso porque você sabe que consegue. ”
Em outro momento, ouvindo a uma palestra, todas as palavras ditas pareciam servir para mim, como se todas elas fossem dirigidas apenas a mim. Eu me senti tão pequena, tão insignificante, com tanta coisa para aprender... e eu expressei este sentimento em voz alta, foi então que o mentor me olhou e disse:
“Você não sabe como você é grande, você não imagina a força que você tem. ”
Diante disso, a única coisa que eu posso dizer é que eu sei muito bem que a perfeição não me alcançou e certamente não alcançará, nem a mim, nem a ninguém, mas estou disposta a aceitar o que vier para mim e aprender as lições que me são enviadas. Tenho tentado com todas as minhas forças aprender dentro da minha fragilidade de ser humano.
Acho que ainda falta para mim um longo caminho de aprendizado, mas no momento, apesar das turbulências que tenho vivido e dos obstáculos que tenho enfrentado e a luta que tenho travado com pessoas que desconheço apesar de serem parentes, esta paz, esta calma, esta tranquilidade que eu sinto e que me alimenta, me dá certeza de que se tiver mais alguma coisa que eu tenha que aprender, vou encontrar uma nova lição de vida pelo meu caminho, mas de duas coisas eu tenho absoluta certeza: eu não estou sozinha e hoje eu sou pelo menos 80% do que eu era antes de saber da minha condição de saúde. É, eu tenho uma condição de saúde, não uma doença.
Não posso negar a minha surpresa e um pouco de
receio quando a Marly me entregou “aquilo”. Eu fiquei com medo de pegar aquela
coisa, mineiramente falando, aquele trem.
Claro que reconheci na hora o que era, mas isso não
nos impediu de ficarmos perplexas!
Uma carta!
Uma carta em envelope timbrado em verde e amarelo e
nele estavam impressas as palavras: “Par Avion. ” Chique, mas tive medo, como
não?
Em época de Whatsapp, Facebook, Messenger, SMS,
e-mail, Twitter, in box, receber uma carta? É grave, só pode ser grave ou é uma
bomba!
Vejam bem, não faz sentido! A pessoa tem que
comprar um envelope, arrumar papel, caneta, sentar e escrever uma carta e
colocar selo. Ainda existe selo! Imaginem a dor dos movimentos manuais. Para
ser sincera eu nem sabia que os correios ainda entregavam cartas, geralmente
eles entregam cartas de cobrança, contas, pacotes! Cartas à mão? Pensei que
tinham saído de circulação!
Eu fui para um lugar calmo, onde poderia ficar
sozinha para ler todas aquelas letras de modo que se acontecesse alguma coisa
só eu seria atingida.
Eu ri, eu gargalhei! Era uma história ao melhor
estilo do FBI, Ryan Hardy, conhecem? FBI, Cia, Interpol, Tropa de Elite osso
duro de roer, com doses de suspense, terror e humor!
Adorei! Nunca pensei que uma carta me faria sentir
tantas emoções!
Não conto a história, afinal uma carta do FBI é
ultra confidencial, Top Secret. Fofoca internacional não dá para sair
espalhando por ai! Quem quiser saber e tiver coragem, peça a Janaina para
escrever uma carta, pois ela consegue fazer isso com elegância e diversão e tem
até troca de caneta no meio do texto e um, apenas um rabisco em uma palavra,
tudo para tornar tudo mais misterioso e divertido.
Janaina, recebemos sua carta, lemos a sua carta e
eu resolvi responder do jeito que eu sei, aqui no blog.
Adorei o “causo” e morri de inveja da sua vida
agitada e emocionante e com pequenos toques de raiva (des) controlada! Meu
Deus, como você aguenta?
Eu não acho que meus rins voltaram a funcionar
100%, mas posso garantir que houve uma melhora depois do tanto que eu ri,
porque não importa em que circunstâncias, você é sempre divertida, engraçada e
fico feliz por tudo ter acabado bem!
E eu prometo que quando encontrar as minhas primas
vou dar aquele beijo que você mandou, só espero que demore muito, talvez nunca
mais, mas enquanto isso a gente vai conversando, fofocando e rindo! E nós vamos
ficar esperando mais cartas!