Quando eu escrevi este
post tinha decidido que não colocaria nenhuma imagem porque não quero estragar
o prazer de quem está lendo o livro do qual estou falando abaixo, mas aconteceu
uma coisa que confirma aquilo em que acredito: não existem coincidências, a
imagem deste post já estava pronta, eu só não a tinha recebido ainda.
Eu a recebi quando uma
prima, lá de Pouso Alegre me deixou um recado no Facebook dizendo que eu
receberia um pacote e podia ficar tranquila que não era uma bomba. Passei uns
dez minutos pensando porque eu pensaria que é uma bomba, e foi uma bomba sim!
Eu explodi de alegria!
Ela foi comprar um
presente, viu esta estante de livros e lembrou-se de mim!
Como não explodir de
alegria quando uma pessoa que você não vê há mais de 20 anos lembra-se de você
e te envia um presente que faz com que você sinta que a partir de agora estará
sempre abraçando seus livros?
Angela, não sei como
agradecer o carinho! Naquele abraço estarei guardando meus livros preferidos e
uma mão é a minha, a outra é sua.
Muito obrigada!
Eu li um livro!
Você deve estar
pensando: grande coisa! Ela leu um livro, ela sempre está lendo um livro!
Pessoas leem livros! Isso não é um grande feito, ela não merece medalha!
E não mereço mesmo!
Mas este livro, assim como outros, não todos, só alguns, de um modo incomum
mexeu comigo, e muito.
Mexeu com a dor que
foi quase física. Como se meu coração estivesse sendo apertado pelas mãos de
alguém, com força.
Os personagens ficaram
tão próximos de mim que eu senti com eles todas as dores. Alguns livros fazem
isso com a gente, o que não é de todo bom, nem de todo ruim.
Toda vez que eu leio
um livro que eu gosto ou que me marca de alguma forma, depois que já o fechei e
suspirei, sempre volto pra ler as últimas palavras ou algum trecho que gostei
mais, que achei mais importante, palavras que quero tentar guardar pra sempre.
Neste livro eu não
tive coragem de fazer isso. Eu o fechei e mesmo tentada a ler novamente aquelas
palavras eu não o fiz porque a dor me impediu. Dor física. Saudades de alguém
que eu não conheci, só li. Compreensão de uma dor que não é minha, mas eu sei
que anda por ai, uma dor que muitos sentem e que eu não quero sentir nunca.
Quando é assim eu
choro. Já chorei por causa de livros, não é a primeira nem a última vez.
Claro que eu penso:
caraça! Já tenho um tanto de problema, vou pegar mais um de um livro?
É ai que mora o
perigo!
Aquela dor, a dor do
livro se mistura com as dores reais e a cabeça vira uma bagunça e a lágrima é uma
expressão de sentimentos. Se eu não chorar eu vou pirar!
Na vida eu sou assim:
primeiro me desespero, depois eu choro, depois eu resolvo e depois fica tudo
bem, ou não, mas até chegar a algum lugar entre o desespero e a esperança eu já
aceitei o fato.
O livro, quando mexe
comigo entra no meio desta bagunça e se mistura a tudo que estou sentindo, é
como se ele estivesse vivo dentro de mim e de repente neste livro eu entendi de
quem o título do livro estava falando, não era dele, era dela e sim, o final
dela foi feliz, mesmo em um dia triste e a vida também é assim, cheia de dias
tristes e finais infelizes, não que eu concorde com isso! Não devia ser assim,
mas se tudo fosse lindo e feliz talvez fosse triste conviver com a rotina e o
tédio. Contradição, a vida precisa disso.
Eu me pergunto por que
o autor fez isso ou aquilo com o personagem, eu me pergunto por que às vezes a
vida é tão difícil.
Às vezes lá na frente
a vida dá uma explicação aceitável, às vezes a vida passa sem que a gente
entenda o motivo, os livros também são assim, mas no caso deste livro eu
entendi. Eu pensei muito, mesmo quando eu esperava por um milagre no final eu
sabia que não fazia sentido, um milagre não salvaria ninguém ali. Mesmo quando
eu pensava que o amor cura tudo eu sabia que na vida não é assim.
Por um segundo apenas
eu queria poder estar perto, bem perto daquele personagem e dizer pra ele
assim:
Olha, eu não queria,
eu não sei se acho certo, mas eu entendi, eu entendi mesmo, eu só queria que
fosse diferente, às vezes a gente quer, mas tudo bem, eu compreendo o que você
fez. É isso ai!
Livros deveriam ser
classificados como os remédios:
Tarja preta: vai
chorar até ficar parecendo peixe visto pelo vidro do aquário. Sabe boca e olho
de peixe? Pois é! Pode ser que não sobreviva, pode ser que sim.
Tarja vermelha: igual
filho, vai dar pra rir e chorar. Vai sobreviver, mas podem faltar alguns
pedaços.
Tarja amarela: Risco
de diabetes, romance água com açúcar com final feliz! (Aplicação grátis de
insulina, eu quero!).
Tarja verde: Este
livro não deve ser lido perto de outras pessoas, dentro do ônibus, ou em salas
de espera por risco de parecer louco devido às gargalhadas involuntárias.
Tarja branca: Livros
sem classificação, aqueles que podem ser ruins/bons ou bons/ruins.
Tarja branca de
bolinhas azuis e rosa: livros femininos que falam mal dos homens.
Tarja branca de
bolinhas vermelhas: Todos os livros que deixam as mulheres com 50 tons de
variadas cores.
Tarja de listras preta
e vermelha: Livros didáticos, lê quem quer ou precisa.
Tarja preta com vários
sinais de interrogação: livros de auto-ajuda. Nunca entendi como podem ser
úteis os livros de auto-ajuda, se eles são de auto é porque ajudam quem
escreveu ou pensou naquilo, então ele não é um livro de ajuda é uma biografia, não?
Pode ser que não, mas não me sinto confortável com este tipo de livro.
Exceto pelos livros de
tarja de listras pretas e vermelhas e os de tarja preta com vários sinais de
interrogação eu acho que leria todos os outros e correria o risco de ter uma
overdose de literatura, apesar de qualquer pesar, de qualquer dor, de todas as dores
e de todas as cores, porque os livros são coloridos mesmo os que são escritos
em preto no branco.
A única maneira de se
esquecer um livro e começar a ler outro e é isso que eu fiz, mesmo sentindo uma
perda inestimável pelo livro, pulei de cabeça em outro, agora estou lendo sobre
uma moça que descobre que o pai biológico é um assassino, assim como na vida
pulei de um pra outro, não é assim com os problemas? Também é assim com os
livros.
Se é pra viver que
seja sentindo o sangue correndo nas veias e os olhos correndo pelas páginas dos
livros.
2 comentários:
Oie Mamis, bom diaaa!!!
Que raio de livro é esse q vc não quis reler nem um tiquinho??? Dá o nome do dito cujo vai...
Sou q nem tu... mal acabo de ler um livro e lá vou eu ler dinovo, se bobear o livro todo... rsrs (os 50 tons já reli umas par de veiz..., acho q eu é q tô com bolinhas...rsrsrs).
Amei as tarjas nos livros, tirando livros de terror ou muito sangue, os demais eu topo qq um... Já leu "Por um fio" do Dráuzio Varella?? É muito lindo, uma lição de vida e tanto...
Bjs. Inté. Boa semana
Ei Selllll!
Ainda não li este do Dráuzio, li Carandiru e amei! Vou colocar Por um Fio na lista!
O livro é: Como Eu Era Antes de Você. Leia e chore porque é lindo, mas é triste, bem triste, muito triste. bjs.
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