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Quando finalmente eu recebi o diagnóstico, a primeira coisa que eu fiz foi sentar e chorar, me desesperando mais que a Maysa em "Meu Mundo Caiu, porque caiu meu mundo, meu universo, meu existir. Foi tudo pro chão, pra poça de água formada pelas minhas lágrimas. Dá um medo! Comecei a investigar em agosto de 2013, mas só em Janeiro de 2014 que consegui o diagnóstico definitivo. Eu tenho uma doença rara. Óbvio que seria uma doença rara, eu ia arrumar qualquer coisinha? Uma doençinha fácil de achar, de tratar e de curar? Tipo unha encravada, ou verruga na ponta do nariz? Gripe ou alergia a gente chata? Não, eu arrumei um trem difícil. No primeiro momento a sensação é de perda, perda da saúde, perda da sanidade. Eu fiquei pior que Caco Antibes, ele só jogou pedra na cruz, eu devo ter jogado coisa muito pior. Eu procurei respostas para todas as minhas perguntas. Eu procurei ajuda de vários segmentos, digamos assim, espirituais, religiosos, médicos. Uma vez eu ouvi que eu estou doente porque eu dou conta. Outra vez me disseram que quando se sofre demais é porque precisa mudar, aprender. Eu tentei descobrir no que eu preciso mudar, o que eu preciso aprender, e alguém me disse que talvez eu já tenha mudado e por isso tenha forças pra passar por tudo isso. São muitos os por ques que passam pela cabeça da gente e pouco porquê. É como se entrássemos em uma busca alucinada por uma justificativa pra estar doente. Tanta gente por ai merecendo um trem ruim, rsrsrsrsrsrs. Pensando por este lado eu também mereço, né? Por que eu, por que comigo, por que isso?
Pode parecer estranho, mas é como se pela primeira vez eu tivesse a noção exata de que sou mortal. A impotência diante da morte doi. A gente nunca sabe exatamente em que lugar da fila estamos, às vezes podemos ser o próximo, às vezes gente mais nova, mais bonita e mais legal passa na frente e vai embora, às vezes, quase vai e graças a Deus dá tempo de ficar. Vocês estão entendendo do que estou falando? É da fila da morte. A gente não faz ideia de qual a nossa posição na fila, nunca! Mas se soubéssemos viveríamos sempre em angústia, né?
Ouvir as pessoas que nos ajudam, seus conselhos, seus argumentos, ajuda muito, pelo menos a mim acalentou cada palavra que ouvi. Eu prestei atenção em cada vírgula, em cada exemplo, porque se olharmos direito veremos pessoas em condições bem piores que a nossa, mas isso também não responde nossas perguntas.
Às vezes dá vontade de mandar todo mundo calar a boca e gritar bem alto que já que é tão fácil assim porque não trocam de lugar comigo?
Já faz um tempo que parei de chorar e comecei a aceitar minha doença. Estou encarando de frente e no tapa porque não tenho pra onde correr. Não estou mais fazendo perguntas, estou dando respostas.
Eu sei que estou sendo repetitiva, falando do mesmo assunto, dos mesmos sentimentos, mas eu tenho a necessidade de esgotar estes temas dentro de mim e para fazer isso eu os estou colocando aqui. Quero ir para outra etapa, falar do mesmo assunto, mas de outros pontos menos sofridos, porque nem tudo é sofrimento, tem muita coisa que me fez gargalhar, depois que passou, claro. E eu sei que não sou só eu quem sofro, ler os depoimentos aqui estão me ajudando muito também.
Eu poderia até mudar de assunto e cair de cabeça no BBB, mas um programa com o mesmo roteiro, com personagens praticamente iguais e romances fabricados não está me encantando este ano, por que será?

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4 comentários:

Srta Beltrana disse...

Oi! Te lendo me deu medo de comentar aqui porque nenhuma palavra parecia boa o bastante pra te dizer... Me deu medo também, de não comentar porque me importo contigo e com que estás passando... Medo nos paralisa, ou quase!É,não tenho nada pra te dizer que mude a realidade que estás vivendo e isso é o que eu realmente gostaria...Posso só dizer que me importo, que tens minhas preces e torcida! Bj Srta Beltrana

janaina disse...

Marise, estou meio sem graça de dizer que estou gostando do bebebe kkkkkk, quanto a tua doença, sabes que podes falar o quanto quiseres, te escuto sempre. beijos

Marise disse...

Srta Beltrana, que bom te ver. Obrigada por vir, por comentar, por apoiar. bjs

Jana,

pode assistir o bebebe e até gostar, eu deixo, só desta vez, ok? E eu sei, você escuta e ainda comenta, hahaha. Obrigada.

Eva/RN disse...

Marise, li comovida o seu texto, compreendo sua necessidade de desabafar e dividir com seus amigos e suas amigas as suas angústias. Sinto muito sabê-la com tão pesada carga de sofrimento. Deixo-lhe o meu carinho e um grande abraço.

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